Devido a alguns problemas de ordem pessoal, que se têm reflectido na falta de inspiração e vontade de escrever, tenho “falhado” na publicação de mensagens de opinião, finalidade a que me propus com a criação deste blogue. Desde já, apresento as minhas desculpas aos leitores e, porque estão, espero, “resolvidos” esses problemas que me têm impossibilitado de publicar, pretendo voltar a fazê-lo com mais regularidade.
"Do whatever is necessary to find happiness in your life, because it happens just once in a lifetime - if you're lucky!"
Este, "As Pontes de Madison County", é um daqueles filmes a que ninguém fica indiferente. Simples, sem efeitos especiais mas com uma história de vida, um enredo e, sobretudo, duas interpretações de dois “assombros” do cinema como Meryl Streep e Clint Eastwood. Foi o que preencheu grande parte da minha tarde de domingo, num destes fins-de-semana, tarde essa vacilante entre o frio, a chuva, o sol ou o céu azul.
E, de facto, ao ver este filme magnífico, é praticamente impossível não sentir, aplicada à nossa vida, a pergunta “E se...?”.
Todos nós devemos ter, se não mais, pelo menos um “E se..?” pelo qual nos interrogámos. E se eu tivesse dito àquela rapariga que gostava dela?! E se eu tivesse feito aquela viagem? E se eu tivesse tido a coragem para beijar aquela mulher? E se eu tivesse arriscado um pouco mais na vida? Todos estes “E ses” são dúvidas que nos acompanharão para o resto da vida, agarrando-se ao corpo como uma medusa. Quando pensamos que já não estão lá, a ardência encarnado leva-nos à sua presença.
A frase transcrita em cima, é da personagem Francesca... uma personagem que me fez lembrar a Rita, desta mensagem da Gaja, uma mulher “calma e tranquila, sem grandes problemas, discussões ou sobressaltos, no entanto ela estava a precisar de vivenciar emoções mais fortes, dignas das sensações provocadas por uma descida de rafting”... que um certo dia conhece, à semelhança do Manuel, um fotógrafo que lhe despertou uma trovoada de novas sensações, fascinantes, estrondosas que a fizeram sentir viva, apaixonada e que, sem dúvida, abalou o seu mundo, levando-a a questionar toda a sua vida afectiva e o seu relacionamento! Ela, Francesca, é uma mulher que não quis ficar agarrada ao “E se” e consentiu-se, deu-se ao prazer de viver um grande amor! Um amor que sabia ter de o viver, sem pensar em mais nada. Nem em ninguém! Nem tão pouco no amanhã e nas suas consequências! Não insistiu em não aceitar o que já estava escolhido. Sabia que não podia esquecer aquele momento. Aquele amor. Porque ninguém esquece só porque lhe apetece, ou porque deveria ser assim. E viveu-o enquanto pôde. Enquanto lhe foi permitido, naqueles dias que passaram a correr.
Ao contrário da Rita e do Manuel, estas duas personagens de ficção, que bem podiam ser reais, qualquer um de nós, aliás, encontraram e viveram um grande amor! Talvez o verdadeiro amor, até! Não o simples gostar, o hábito de uma vida ou a acomodação de uma relação. Mas o amor que torna tudo mais mágico, bonito e verdadeiro! O que dá, sem dúvida, um novo sentido à vida. Não importa as circunstâncias em que ele desperta. Pode surgir de onde nunca esperamos ou quando menos contámos. O importante é reconhecê-lo quando nos aparece! Quando nos toca! Quando nos faz sentir bem e pensar que vale a pena! Quando questionámos tudo por esse amor!
Ainda que ela não tenha escolhido ficar com ele, porque o podia ter feito, não mais o deixou de amar até ao fim da sua vida. Porque o nome dele agitava a sua memória com a cadência do ritmo do respirar. Ele estava em cada sentido dela. Sempre presente. Ainda que ela o negasse, sempre que fechava os olhos, ele continuava lá, nela. E continuava a pensar e a desejar a intemporalidade dos beijos dele. Porque ele continuava lá, no respirar dela. No último respirar, no último suspiro, foi por ele que suspirou. Ainda que ela o negasse...
... de todo o filme, de todas as frases e de todas as cenas, a que mais me marcou foi sem dúvida esta em que eles ficaram durante bastante tempo abraçados. E ele murmurou-lhe:
«Só tenho uma coisa a dizer, apenas uma; nunca voltarei a dizê-la a ninguém, e peço-te que te lembres dela: num universo de ambiguidades, este tipo de certezas só existe uma vez, e nunca mais, não importa quantas vidas se vivam.»
in "As Pontes de Madison County"
E, já agora, quanto a vós, pela vossa experiência, pelo conhecimento que têm da vossa personalidade, se surgisse uma situação destas, ou caso tenha já acontecido, o que acham que fariam? Viveriam o momento, o amor, com todas as consequências resultantes de tal escolha, ou ficariam eternamente a pensar no "E se..."?