terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Momentos de decisão

Helena corre, apressada, para ir ter com Luís. Este espera-a na esplanada do café onde se conheceram, virada para o mar e para o seu doce sabor salgado! É verão e a temperatura do ar, no final de tarde, está quente e apela ao desejo.

Helena chega, ansiosa e com o ar a escassear nos pulmões, cheia de vontade de dar a notícia a Luís. Cumprimentam-se com um beijo resumido mas quente e apaixonado. Ela começa por dizer-lhe que tinha sido convidada para ir no próximo fim-de-semana a Paris em trabalho e que o poderia levar com ela. Além disso, como o que tinha a fazer apenas ocuparia umas horas, ficariam com o resto do tempo que sobrava para ambos! E ele só que tinha que arranjar uma boa desculpa para poderem sair na 6ª feira ao início da tarde. Mas Luís não achou assim tão boa ideia ou talvez não correspondeu às expectativas de Helena. Por isso, não ficou muito entusiasmado, porque não tinha esse hábito, de fazer a vontade a Helena. Não era a sua natureza! Há coisas que são ou não são e não se mudam apenas pela força da vontade. Ou se é ou não há nada a fazer! Luís disse-lhe que tinha já combinado um jantar da empresa e agora parecia-lhe de mau tom não comparecer e, ainda por cima, ter que inventar uma desculpa por causa de um fim-de-semana quando podiam ter muitos outros.

Helena sentiu o chão tremer! Não fosse o facto de estar sentada na cadeira tinha caído no chão, desamparada e sem ar, como um objecto sem vida! Tudo aquilo que idealizara não passava agora de uma miragem. O entusiasmo, a excitação, o desejo de estarem juntos tinha agora desaparecido como se esvaísse para dentro de um buraco sem fundo. E por tudo o que ele pudesse agora dizer, nenhuma palavra ou frase ia poder apagar aquele momento, substituir aquela tristeza e desilusão! Helena, de tão triste que ficou, resolveu levantar-se e ir-se embora, sem sequer contestar a ambição de Luís ou a insensibilidade dele para com ela! Mas não sem antes lhe dizer que suspeitava estar grávida e tinha planeado contar-lhe isto durante esse mesmo fim-de-semana!

Sábado, por volta das 20:00, o telefone de Luís toca. Era Helena. Ele pergunta-lhe se estava tudo bem e ela responde com um sim reticente… Ele insiste e ela torna a responder da mesma forma, porém, desta vez, terminando a conversa dizendo que quando regressasse conversavam. Luís ficou com sabor amargo na boca e uma estranha sensação na barriga. Ambos sentiram uma espécie de despedida anunciada naquele momento. Como se um ciclo, o das duas vidas conjuntas, estivesse a terminar!

Quando regressou, Helena, disse-lhe que afinal tinha-se enganado e as suspeitas de que estaria grávida não se confirmaram, afinal! Mas, no entanto, toda aquela situação a fez pensar bastante no que queria e não estaria disposta a passar a sua vida com quem não partilha os mesmos gostos, as mesmas conversas e não a preenche em todos os sentidos! Com alguém que, ao acordar todos os dias de manhã, olhe para quem ainda dorme na almofada ao lado, e faça sentir aquele conforto de saber que se ama alguém que também nos ama. Porque quem não a faz sentir, mais que borboletas, furacões incríveis no estômago é porque não se gosta o suficiente! Porque ter alguém que seja tão compatível com ela em todos os aspectos, e mesmo no que não for tornar-se tão bom e incrível, vai, com certeza, muito mais além do simples gostar! Terá que ser um amor que dê prazer aliado a uma empatia natural que não se pede nem exige. Mas tão só, simplesmente, existe!

Isto é uma história de ficção, com personagens fictícias, mas que podia muito bem ser a história de qualquer um de nós. De qualquer pessoa. E mostra como, por vezes, podemos andar iludidos, numa espécie de anestesia permanente aos sentidos e, somente, somos acordados e abalados por uma situação de choque emocional! E é esse choque que nos faz pensar, reflectir, sobre o que queremos para a nossa vida e com querermos passá-la. Vivê-la! Sermos felizes nela e termos a capacidade e a percepção de fazermos as melhores escolhas sobre quem queremos ter a nosso lado. Porque uma má escolha pode facilmente levar-nos a passar uma boa parte da nossa vida infelizes!

6 comentários:

Angel disse...

:)

O blog é muito giro, parabéns;)))))

Angel disse...

Este meu comentário parece descabido, não parece? Ou estou certa ou estou muito maluca!!!!

O Gajo disse...

Eu não quero ser indelicado... mas aquele risco de parecer paranóica, que referiu num outro comentário, aqui no blogue, creio que já o pisou e ultrapassou com o corpo, sobretudo, a mente!

Mas muito obrigado pelo elogio. É sempre bom e estimulante ler isso!

Angel disse...

Eu sou mesmo paranóica, nem sempre, às vezes;)

Mas concordo com a história de pura ficção. Há momentos chave que mudam a nossa vida por completo.

O Gajo disse...

Há não há!?! Então quando os mesmos acontecem connosco...

Angel disse...

É que é tramado...ou não!