quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O "querido" ou "queridinho"

Confesso que o blogue tem andando um pouco abandonado, facto pelo qual me penitencio imediatamente, mas espero, agora mais assiduamente, colocar aqui mensagens sobre os mais variados temas.

Hoje, gostaria de falar duma categoria de homens, aqueles que são um amor, pessoas fantásticas mas que não fazem o clique, a que as mulheres gostam de chamar de querido ou, de forma mais carinhosa ou cínica, queridinho! Não falo dos amigos de longa data, da amizade livre de intenções ou interesses, mas daquele amigo que se mantém numa espécie de standby, alguém a quem podem sempre recorrer numa emergência.

Eu, confesso, sinto-me muitas vezes incluído, ainda que involuntariamente, e com grande irritação, diga-se, nessa categoria. O queridinho está sempre presente nos momentos mais complicados ou difíceis. Nas zangas com o namorado ou marido, depois de ter sido abandonada pelo amante, nos programas que mais ninguém deseja fazer, para não passear sozinha no Shopping ou simplesmente para a mimar e massajar o ego ferido! Quem cai dentro desta categoria, uma vez, dificilmente sairá. Porque vão haver sempre momentos desses em que se é chamado tipo bombeiro ou corpo de intervenção para proteger a mulher ferida ou magoada das catástrofes. E quando se chega a esse grau de intimidade é porque não houve capacidade ou competência para se tornar namorado ou algo parecido.

O queridinho é aquele que nunca dirá que a mulher está gorda, e até se oferece para fazer jogging com ela, passa horas a conversar, ainda que ela só diga disparates, porque ela se sente deprimida e com vontade de dizer mal de tudo e de todos, que diz que ela está linda e elegante, ainda que não o seja minimamente, ou pode até acompanhá-la ao cabeleireiro. É sempre aquela pessoa a quem ela vai recorrer para levantar a auto-estima. Frases como: “És um homem perfeito, aquele com quem eu casaria, mas não dá, não há chama.”; “És o sonho de qualquer mulher e conseguirás ter a que quiseres mas eu só te vejo como amigo!”; e “És perfeito para mim, casava-me contigo amanhã só que… chegaste tarde demais!”

Mas ser chamado dessa forma é uma escolha pessoal, embora por vezes distraidamente, porque o amor cega, porque só depende do próprio continuar ou permanecer nessa condição de queridinho! Mas e quanto às mulheres, gostam de facilitar? Não creio, não me parece! Para elas será sempre mais confortável, e cómodo, ter um destes queridinhos, sempre disponível onde, com um simples estalar dos dedos, ele imediatamente apareça para limpar as lágrimas. Alguém por quem se sintam apenas atraídas ou as faça sentir vivas e desejadas, porque não o são em casa, ou com o namorado, mas que não passa disso mesmo! É cruel para nós mas é gostoso para vocês! Fazem-nos ficar dentro do jogo onde nos vão mudando de posição, como se fossemos peões, jogando e driblando com o nosso interesse! Fazem-nos viver na ilusão, sempre à espera de um dia que nunca vai chegar!

10 comentários:

Angel disse...

Bem, devo começar o meu comentário (correndo o risco de parecer paranóica) dizendo que este discurso (as expressões) são-me familiares. Mas isso são outros assuntos...

Quanto ao post, muito bem escrito por sinal, devo dizer que este tipo de amigo que gosta de nós e com quem nós não não ficamos, apesar de lhe reconhecermos as tais qualidades, existe em ambos os sexos.

Eu conheço igualmente uns rapazes que têm um sem número de amigas coloridas com as quais nada pretendem para além de passar umas boas horas (num dia dos bons)e a quem ligam num dia em que tudo parece não lhes correr de feição.
Também há mulheres que sempre foram as amiguinhas enquanto outras são sempre as boazonas. Vocês não? Pensem lá.

Esta permissividade está, a meu ver, muito mais relacionada com a personalidade individual do que propriamente com o género a que se pertence.

Não sei, muito sinceramente, se não temos cada um de nós uma pessoa que sabemos que nunca vai estar connosco, por um motivo ou outro, mas que gostamos de andar por perto. Agora, o tempo que ficamos varia.

E não podemos negar, qual é a mulher que não acha um máximo um homem que a acompanhe? Nenhuma no seu perfeito juízo. Tenho uma teoria que de tão empírica vale o que vale, mas partilho. Todos nós, quando somos mais novos, escolhemos namorados giraços, daqueles que de imediato nos tiram o fôlego. Com o passar dos anos percebemos que o fôlego já há muito que voltou e que o conteúdo e a satisfação que o Outro nos proporciona talvez não se compare ao tal amiguinho de sempre com quem falavamos horas e com quem faziamos programas interessantes. E aí já repensaríamos toda a situação novamente. Talvez tarde demais.

No entanto, as químicas não se dão com toda a gente. Nem mesmo com todas as pessoas que achamos bonitas. Esses queridinhos são os amores contruídos mas tenho a certeza que podem encontrar a pessoa com quem sentem a química do clique.

Angel disse...

Acrescentaria:Basta que não se conformem e avancem.

O Gajo disse...

Angel,

São-lhe familiares? Não vejo como! Se calhar pisou mesmo o tal risco... e convinha resolver os "outros assuntos" para não passar totalmente para lá desse risco!

Agradeço-lhe, no entanto, o elogio!

Eu não escrevi que esta designação (se é que lhe podemos chamar assim) era exclusiva dos homens. Eu falo apenas enquanto homem e dos relacionamentos entre nós e as mulheres. Se a Angel, ou as mulheres em geral, também acha isso então manifestem-se vocês! Como muito bem o fez, aliás! Mas deixe-me dizer-lhe que, enquanto homem, as minhas amigas coloridas só "servem" para o sexo! Depois de feito é "Xau e até à próxima" que nos encontrarmos para o mesmo efeito! E a essas amiguinhas a que se refere eu nunca dei nenhuma esperança ou tão pouco as vi como uma espécie de seguro vitalício! Está aí a diferença! Quando quero companhia ou apenas falar com alguém, tenho os amigos ou as amigas, mesmo! Enquanto vocês, mulheres, não! Eu sei o quanto é bom ter alguém sempre ao pé... Embora algumas digam que não gostam, é mentira! E pode, de facto, ser muito bom, mas é crueldade! Vocês têm que desprender e dar liberdade às almas desses pobres coitados...

Quanto à sua teoria, concordo em absoluto com ela! Aliás, esse assunto já tinha sido abordado por mim nesta mensagem: "http://aopiniaodossexos.blogspot.com/2009/12/principe-encantado-ou-menino-mau.html". É triste constatar isso, mas é verdade! E a culpa, se é que a há, é vossa...

Para terminar, o problema não é o avançar. É mesmo o clique! E porque essas qualidades nunca são verdadeiramente apreciadas pelas mulheres, no seu tempo devido, lá está, porque há sempre um giraço que vos tira o fôlego... até vos dar as lágrimas!

Angel disse...

Gajo:
(isto é para ler em tom de voz neutro ou brincalhão, sim?)
Não faça filmes típicos de gaja (não me refiro à do blogue, mas do género feminino). Simplesmente achei que este blogue poderia ser escrito por uma pessoa que conheço. E esses são os outros assuntos, nada relacionados com manter ninguém em standby.
Pela sua sensibilidade à minha resposta aconselho-o é a si a resolver esses assuntos. Hoje está amargo. Não fique.

Mas confesso que houve um mal-entendido na minha interpretação do post. Não pensei que estivesse a falar das mulheres darem falsas esperanças a um homem que sabem que gosta delas e que tudo fará para as ajudar e acompanhar nos momentos menos positivos. Pensei que falava de um amigo que gostavam da companhia mas que estava claro que não se passaria nada entre eles para além disso. Pois refere esta expressão: “És perfeito para mim, casava-me contigo amanhã só que… chegaste tarde demais!”. Aqui ela está a definir a relação. Foi assim que interpretei.

Com dar falsas esperanças também não concordo. Se a relação está claramente definida como esporádica e é apenas um elemento que alimenta secretamente a expectativa mesmo depois do outro ter dito que não se vai passar mais nada tudo bem. Se não for assim é de facto uma crueldade.

Mas cada um de nós tem a liberdade e a capacidade de analisar aquilo que lhe está a fazer bem ou mal. E por muito clique que se tenha sentido não pode ficar preso a uma ilusão. Porque se vemos as questões nas tonalidades preto e branco não percebemos que talvez o amiguinho não avance por receio de falhar em novas conquistas (isto é meramente um exemplo). Ou seja, esta atitude de ser vítima de uma mulher má que o usa e deita fora pode ser funcional para ele, ainda que pareça contraditório. E é importante que seja ele mesmo a perceber que merece mais do que o que está a receber. Não vejo tanto como um problema da mulher (embora esteja incorrecta) mas antes de quem o permite. Os dois comportamentos alimentam este ciclo. Se um quebrar o que está a fazer, o ciclo pára.

Um pormenor apenas. Não acho que o homem que nos tira o fôlego seja obrigatoriamente um que nos levará às lágrimas por si só. Trata-se apenas de não observar e ter como critério (se é que se pode dizer isto) as qualidades fundamentais e necessárias para se ter um relacionamento interessante e feliz em detrimento da imagem.

E depois ocorrem-me outras questões, talvez fora do âmbito deste post, que poderiam justificar esta atitude das mulheres (embora seja sempre recriminável). Um homem pode ter amigas e dizer-lhe “é pura e simplesmente para termos sexo”, mas se o oposto acontece não é tão aceite. E apesar de hoje em dia começar a mudar as mulheres podem sentir necessidade de mascarar esta relação dessa forma. Mas isto sou eu a pensar alto…

O Gajo disse...

Cara Angel,

Se me conhece ou não, não sei! Como estamos ambos camuflados por um nicknane, quem sabe?!? Por vezes a surpresa acontece nos locais mais inesperados. Já agora, pelo que tenho ouvido, até da opinião feminina, se há coisa que eu não sou, garantidamente, é amargo. Mas gostei da sua provocação!

Quanto à sua interpretação não diria que está totalmente errada ou absolutamente certa. E isso, em minha opinião, deve-se, essencialmente, à incoerência natural das mulheres pois nem elas próprias sabem, muitas das vezes, aquilo que querem ou contradizem-se entre o que dizem e fazem ou a forma como pensam e agem! Mas esteja atenta porque prometo desenvolver este assunto brevemente.

É de facto uma crueldade! Mas concordará comigo que, de facto, infelizmente, essa crueldade existe, mesmo!

Concordo consigo que “cada um de nós tem a liberdade e a capacidade de analisar aquilo que lhe está a fazer bem ou mal”, conforme escrevi inicialmente na mensagem. Embora, por vezes, as coisas não sejam assim tão lineares ou talvez não exista apenas o não ou sim!

E não, não é obrigatório que o homem que vos tira o fôlego vos leve também às lágrimas. Mas a minha observação leva-me a concluir que isso, realmente, acontece porque o vosso “critério” está muitas das vezes errado e viciado logo de início pelos factos que referiu.

Quanto ao seu último ponto, agora sou eu que lhe digo, não faça filmes típicos de gaja (não me refiro à do blogue, mas do género feminino).

Angel disse...

Chegamos a um acordo então (menos em relação ao último ponto, mas isso sim, são outros assuntos;)).

O Gajo disse...

Só uma correcção: A gaja cá do blogue não costuma, nada, fazer estes filmes típicos...

A Gaja disse...

Pois muito bem dito!

A gaja cá do blogue não deixa de fazer o que quer e gosta só pelo facto de os outros pensarem ou acharem recriminável.

O Gajo disse...

Claro que não. Eu sei disso. Por isso é que és a gaja cá do sítio!

Anónimo disse...

Isso é o famoso Friendzone . é como se as mulheres colocassem o seu pinto num jarro de vidro. Em caso de emergência quebre o vidro!