quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Ser ou não Signo? Eis a questão...

Quem me conhece sabe que me interesso por astronomia. E, embora não seja essa a minha área de formação, não sendo nenhum perito, consigo, com alguma facilidade, distinguir no céu as várias constelações sem recurso a manual de apoio ou carta celeste.

A crença na astrologia, mais especificamente o horóscopo, tem um poder de ilusão assustador e ao mesmo tempo perturbador. O Homem sempre se interessou em saber o futuro, mas passar por cima do racional para alimentar uma fé de previsões é enganar-se a ele próprio e enganar os demais. Eu, pessoalmente, não considero a astrologia credível nem tão pouco uma ciência só porque determina o status de um grupo específico, com base nas datas de nascimento, no qual atribuem o nome de signos.
Os argumentos que me levam a não acreditar na astrologia, entre outros, são os seguintes:

1. Sabe-se que as pessoas concordam com tudo o que fala sobre elas porque têm uma memória selectiva em relação à astrologia, ou seja, como geralmente funciona através da fé, são mais vulneráveis a aceitar os acasos desta enquanto os erros passam-lhes ao lado;

2. Por que é que a data importante é a do nascimento e não a da concepção? Uma mulher que marca ou faz uma cesariana não estará a mudar o destino cósmico do seu filho ou a influenciar a sua personalidade? E o que marca esse momento? Se um parto que demora até 20 horas, o que define o instante exacto? As primeiras contracções, o rebentamento da bolsa, o aparecimento da cabeça do bebé pela vagina (ou corte da cesariana) ou o corte do cordão umbilical?;

3. O sistema zodiacal não se alinha com as estrelas que os astrólogos estudam. Os signos não estão localizados onde os astrólogos afirmam que eles estão. Na verdade, onde os astrólogos dizem que está o signo de Caranguejo, por exemplo, está o signo de Gémeos. Isso tem a ver com o movimento da Precessão dos Equinócios;

4. Devido à mesma Precessão dos Equinócios, os astrólogos ignoram o facto de que a Constelação do Serpentário faz parte do zodíaco, havendo então um total de 13. Quantos meses são? 12, certo?! Esta constelação foi reconhecida pelos antigos Gregos como parte do zodíaco. Ela contém o Sol uma vez por ano (no final de Dezembro) e os planetas em várias outras épocas. Mesmo Ptolomeu, um dos grandes astrólogos da Antiguidade, reconheceu isto. Ainda assim os astrólogos, incluindo Ptolomeu, ignoram o facto;

5. Os astrónomos consideram que a nossa visão dos céus muda com o passar do tempo, já os astrólogos possuem visão fixa e imutável;

6. Os cientistas afirmam que as forças que nos influenciam são as energias: Nuclear fraca; Nuclear forte; Magnética e Gravitacional. Mas nenhuma delas influencia a nossa personalidade, a constituição física ou o nosso futuro;

7. A astrologia moderna ainda está assente sob a teoria Geocêntrica (teoria que foi ultrapassada pela teoria Heliocêntrica); e

8. O surgimento da astrologia deu-se no Egipto ou na Suméria (ainda não há um consenso em relação a este assunto por parte dos historiadores). Os nomes dos signos do zodíaco foram dados porque a configuração das estrelas (que não tinham relação nenhuma entre si, tanto que distam umas das outras por vários milhões de anos luz) se assemelhavam aos Deuses da Antiguidade.

Claro que os astrólogos, por vezes, usam alguns argumentos científicos (ou pseudo-científicos) para explicar as suas práticas. Por exemplo, costumam dizer que, como a Lua provoca as marés na Terra, é razoável acreditar que a força gravitacional de outros corpos celestes, mais pesados, como os planetas nos podem afectar, também. Este argumento é inválido por duas razões, vejamos:

1. A atracção gravitacional de um planeta como Saturno, cuja massa é 90 vezes maior que o nosso planeta, numa pessoa aqui da Terra é igual à atracção gravitacional de um carro a 1,7 metros dessa mesma pessoa. Ainda assim, os astrólogos não parecem interessados na posição dos carros no hora do nascimento de ninguém, ou mesmo se a pessoa nasceu num parque de estacionamento: e

2. Quando os astrólogos dizem que um planeta está numa determinada constelação (signo do Zodíaco), não se referem às estrelas que um observador observa quando sai cá fora à noite. Eles falam sobre uma parte do céu que, uma vez, há 2000 anos, coincidiu com aquela constelação específica. Isto é, devido à precessão do eixo terrestre enquanto a Terra gira. Isto significa que todas as estrelas no céu têm uma posição 24 graus à frente de onde elas estavam 2000 anos atrás, desde que visto por um observador aqui da Terra.

É perfeitamente natural que alguns astrólogos digam que a astrologia não é usada para prever o futuro, e sim para guiar e orientar os seus clientes através de padrões de comportamento, hora de nascimento, etc. Após consulta numa página de revista que trazia a previsão para todos os signos do zodíaco, para o ano de 2010, constatei que a minha era a seguinte: "A nível sentimental é um ano abundante de paixões e no despertar íntimo de várias emoções. É um ano rico, próspero na dádiva de sentimentos e reciprocidade dos mesmos, com fortes probabilidades de encontrar a sua alma gémea." Posto isto, é ou não é fácil deixar cair por terra toda a teia de argumentos, esquecer tudo o que disse antes, porque se torna muito confortável pensar que vai ser assim, e acreditar apenas neste último parágrafo?!?

Nota: Este texto foi baseado, além do meu conhecimento sobre o tema, em vários outros textos encontrados na internet sendo, no entanto, os dados apresentados válidos e facilmente testados através da consulta de obras da especialidade.

4 comentários:

Angel disse...

Eu tive dificuldade em acompanhar tamanho conhecimento:P Mas concordo que é muito mais fácil deitar toda a argumentação teórica e ciêntifica quando encontramos os ventos a nosso favor.

E no seu caso não são uns ventitos,´são uns tufões, fala em alma gémea. Boa sorte;)

O Gajo disse...

Certamente, deve conhecer alguém que se interessará por astronomia e terá todo o gosto em lhe dar algumas explicações sobre a matéria que, garanto-lhe, é bem mais interessante do que a maioria das pessoas possa imaginar!

Quanto aos ventitos e tufões é como escrevi, sou um pouco céptico em relação a isso embora, diga-se, seja muito confortável ler e pensar que vai acontecer isso de encontrar a tal alma gémea (o que me leva a questionar se, entretanto, a que conheço neste momento não é afinal a tal... ). Acho, sobretudo, que a sorte conquista-se! Ou, pelo menos, luta-se por ela!!!

Angel disse...

Não conheço ninguém:P
E concordo, a sorte é uma questão de ir atrás dela!

O Gajo disse...

Se não conhece, não faltam aí clubes e organizações prontos a transmitir-lhe conhecimentos sobre esta matéria!