terça-feira, 30 de março de 2010

“E se...?”

Devido a alguns problemas de ordem pessoal, que se têm reflectido na falta de inspiração e vontade de escrever, tenho “falhado” na publicação de mensagens de opinião, finalidade a que me propus com a criação deste blogue. Desde já, apresento as minhas desculpas aos leitores e, porque estão, espero, “resolvidos” esses problemas que me têm impossibilitado de publicar, pretendo voltar a fazê-lo com mais regularidade.


"Do whatever is necessary to find happiness in your life, because it happens just once in a lifetime - if you're lucky!"

Este, "As Pontes de Madison County", é um daqueles filmes a que ninguém fica indiferente. Simples, sem efeitos especiais mas com uma história de vida, um enredo e, sobretudo, duas interpretações de dois “assombros” do cinema como Meryl Streep e Clint Eastwood. Foi o que preencheu grande parte da minha tarde de domingo, num destes fins-de-semana, tarde essa vacilante entre o frio, a chuva, o sol ou o céu azul.

E, de facto, ao ver este filme magnífico, é praticamente impossível não sentir, aplicada à nossa vida, a pergunta “E se...?”.

Todos nós devemos ter, se não mais, pelo menos um “E se..?” pelo qual nos interrogámos. E se eu tivesse dito àquela rapariga que gostava dela?! E se eu tivesse feito aquela viagem? E se eu tivesse tido a coragem para beijar aquela mulher? E se eu tivesse arriscado um pouco mais na vida? Todos estes “E ses” são dúvidas que nos acompanharão para o resto da vida, agarrando-se ao corpo como uma medusa. Quando pensamos que já não estão lá, a ardência encarnado leva-nos à sua presença.

A frase transcrita em cima, é da personagem Francesca... uma personagem que me fez lembrar a Rita, desta mensagem da Gaja, uma mulher “calma e tranquila, sem grandes problemas, discussões ou sobressaltos, no entanto ela estava a precisar de vivenciar emoções mais fortes, dignas das sensações provocadas por uma descida de rafting”... que um certo dia conhece, à semelhança do Manuel, um fotógrafo que lhe despertou uma trovoada de novas sensações, fascinantes, estrondosas que a fizeram sentir viva, apaixonada e que, sem dúvida, abalou o seu mundo, levando-a a questionar toda a sua vida afectiva e o seu relacionamento! Ela, Francesca, é uma mulher que não quis ficar agarrada ao “E se” e consentiu-se, deu-se ao prazer de viver um grande amor! Um amor que sabia ter de o viver, sem pensar em mais nada. Nem em ninguém! Nem tão pouco no amanhã e nas suas consequências! Não insistiu em não aceitar o que já estava escolhido. Sabia que não podia esquecer aquele momento. Aquele amor. Porque ninguém esquece só porque lhe apetece, ou porque deveria ser assim. E viveu-o enquanto pôde. Enquanto lhe foi permitido, naqueles dias que passaram a correr.

Ao contrário da Rita e do Manuel, estas duas personagens de ficção, que bem podiam ser reais, qualquer um de nós, aliás, encontraram e viveram um grande amor! Talvez o verdadeiro amor, até! Não o simples gostar, o hábito de uma vida ou a acomodação de uma relação. Mas o amor que torna tudo mais mágico, bonito e verdadeiro! O que dá, sem dúvida, um novo sentido à vida. Não importa as circunstâncias em que ele desperta. Pode surgir de onde nunca esperamos ou quando menos contámos. O importante é reconhecê-lo quando nos aparece! Quando nos toca! Quando nos faz sentir bem e pensar que vale a pena! Quando questionámos tudo por esse amor!

Ainda que ela não tenha escolhido ficar com ele, porque o podia ter feito, não mais o deixou de amar até ao fim da sua vida. Porque o nome dele agitava a sua memória com a cadência do ritmo do respirar. Ele estava em cada sentido dela. Sempre presente. Ainda que ela o negasse, sempre que fechava os olhos, ele continuava lá, nela. E continuava a pensar e a desejar a intemporalidade dos beijos dele. Porque ele continuava lá, no respirar dela. No último respirar, no último suspiro, foi por ele que suspirou. Ainda que ela o negasse...

... de todo o filme, de todas as frases e de todas as cenas, a que mais me marcou foi sem dúvida esta em que eles ficaram durante bastante tempo abraçados. E ele murmurou-lhe:

«Só tenho uma coisa a dizer, apenas uma; nunca voltarei a dizê-la a ninguém, e peço-te que te lembres dela: num universo de ambiguidades, este tipo de certezas só existe uma vez, e nunca mais, não importa quantas vidas se vivam.»

in "As Pontes de Madison County"

E, já agora, quanto a vós, pela vossa experiência, pelo conhecimento que têm da vossa personalidade, se surgisse uma situação destas, ou caso tenha já acontecido, o que acham que fariam? Viveriam o momento, o amor, com todas as consequências resultantes de tal escolha, ou ficariam eternamente a pensar no "E se..."?

4 comentários:

SillyTalk disse...

Adoro esse filme e já o vi dezenas de vezes.
Eu acredito que é mesmo preciso fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para atingirmos a felicidade, mas para isso é preciso não termos medo do que podemos ter de enfretar para lá chegar.
Só temos esta vida, e há que arriscar.
; )

O Gajo disse...

Silly Talk,

Também já vi o filme umas quantas vezes e não me canso nunca! Aliás, esta sessão, foi mais uma reposição! De vez em quando é bom rever alguns clássicos...

Eu também acho, acredito, que devemos lutar, sem medos, sem receios, pelo que queremos e dsejamos, para não ficarmos a pensar no "E se..." eu tivesse feito, o que teria acontecido! A dúvida, em mim, castiga muito mais do que uma, eventual, escolha errada.

Mas, infelizmente, há pessoas que, por receio de errarem, não arriscam!

Anónimo disse...

Em relação ao "e se..." eu tenho uma opinião um pouco discordante com as anteriores, pois por vezes o realizar de um "e se..." pode estragar uma certeza existente. Depois de ir atrás do "e se..." que pode não resultar, a certeza existente já pode não estar lá. O exemplo da Maria que quis viver uma aventura com o colega de trabalho que não correu muito bem.
Ela tinha uma relação de 4 anos pacifica e eu pergunto:
Valeu a pena ir atrás deste "e se ..." com o Manuel? De certeza que ela poderia encontrar as emoções dignas de um rafting com o namorado actual, só tinha de mostrar-lhe o bote.DE CERTEZA QUE ELE ALINHARIA.
Mas esta é a minha opinião daquilo que conheço dos homens.
Se calhar é um pouco como A Gaja escreve (e como nós nunca estamos satisfeitas com o que temos)...

O Gajo disse...

Caro anónimo,

Como a Silly Talk bem referiu, só temos uma vida! Há que tentar sermos o mais feliz que pudermos!
O problema do "E se..." é mesmo esse nunca termos a certeza e ficarmos eternamente na dúvida! Da mesma forma que não sabemos o futuro do "E se..." arriscármos, igualmente, não sabemos o futuro do "E se..." ficarmos. Portanto, dizer que a Maria "poderia encontrar as emoções dignas de um rafting com o namorado actual, só tinha de mostrar-lhe o bote.DE CERTEZA QUE ELE ALINHARIA." é uma certeza tão absurda quanto pensar que poderá ser melhor se arriscar!

Pergunto-lhe: e se a certeza existente, estiver impregnada de dúvidas, deve-se continuar só porque é uma potencial certeza?!??

Em minha opinião, volto a repetir, acredito, que devemos lutar, sem medos, sem receios, pelo que queremos e dsejamos, para não ficarmos a pensar no "E se..." eu tivesse feito, o que teria acontecido! A dúvida, em mim, castiga muito mais do que uma, eventual, escolha errada.

Mas certezas, cada um tem as suas...